Notícia - No primeiro dia do VI Congresso da Findect, lideranças debatem estratégias de resistência

A Federação Interestadual dos Sindicatos dos Trabalhadores e Trabalhadoras dos Correios iniciou nesta quinta-feira (25) o VI Congresso Nacional da Findect, que sediará por dois dias diversos debates para a construção da pauta de reivindicações da categoria ecetista.

Entre a participação de especialistas de variadas áreas ligadas ao dia a dia dos Correios e lideranças da luta dos trabalhadores, o evento recebeu o presidente da CTB, Adilson Araújo, para fazer uma análise detalhada dos desafios impostos à categoria neste momento conturbado do Brasil.

Adilson falou de forma alongada sobre a situação política e econômica do país, levando uma análise do jogo de forças de Brasília para os presentes. “Não há dúvidas que nunca antes tivemos que enfrentar um parlamento tão disposto a retirar conquista já consolidadas da classe trabalhadora, numa agenda que vem se provando extremamente regressiva”, avaliou, apontando o golpe de 2016 como um ataque do capital ao trabalho. “Os reflexos da gestão de choque do Temer aos ganhos sociais da população a gente está vendo aí. As reformas necessárias à população não estão sendo postas em prática, como a política, a tributária, a agrária, a urbana - o que acontece é uma retirada de direitos com muito suor e sangue trabalhador”.

O sindicalista aconselho os ecetistas, então, a buscarem novas formas de diálogo, colocando a formação de consciência na população acima de eventuais sentimentos de revanche que podem ter restado do ataque à democracia. “A hora é de unir esforços, de falar com as bases, com as nossas famílias, até com os coxinhas que ajudaram no golpe. Todo mundo vai sofrer junto, e a gente vai precisar deles para conseguir impedir que venham ainda mais derrotas”.

Unidade para resistir

Na mesa que precedeu a fala de Adilson, lideranças de todo o Brasil também contribuíram para a avaliação do momento. O companheiro Ronaldo Martins, presidente do Sindect-RJ, fez a fala mais exaltada, condenando com veemência as agressões sofridas pelos servidores públicos no Rio de Janeiro na quarta-feira. Ele denunciou também os ataques aos direitos que motivaram o protesto, e ligou a tentativa de privatização dos Correios a eventos similares, como a venda iminente da Cedae.

“Eu lembro ainda hoje da época do FHC, quando eles jogaram o exército contra nós. Os petroleiros estavam conosco e foram chamados de "cachaceiros" pelo ministro Sérgio Motta, um insulto! Estamos voltando para esse tempo”, refletiu, irritado.

A diretora Rosemeri Leodoro, também do Sindect-RJ, foi além: para ela, o governo Temer tem um comportamento ainda mais grave que o de FHC. “Tudo o que está acontecendo, incluindo a brutalidade da polícia, é um projeto para desgastar o trabalhador, eles querem nos cansar”, acusou. Por outro lado, ela se disse otimista com o resultado da Marcha para Brasília: “Esse governo não tem limites para passar os seus projetos, mas agora é a hora da virada. É o momento para mostrar às bases que nós precisamos fazer tudo para resgatar o Brasil. Devemos ocupar Brasília por 15, 20 dias, se for necessário, até que esse governo caia!”.

Já o secretário-geral do Sintect-MA, Márcio Martins, preferiu levar a discussão para a estratégia de formação de consciência das pessoas próximas ao próprio sindicato, que em sua avaliação nem sempre compreendem o papel das entidades sindicais. “O papel fundamental do sindicato tem que ser o de educar o trabalhador, fazê-lo perceber a luta na qual está envolvido, e trabalhar a consciência cidadã”, disse. Ele sugeriu que um passo importante, neste sentido, seria expor os interesses tóxicos da grande imprensa: “Há uma mudança no comportamento dos golpistas agora, que fica evidente no papel da Rede Globo para derrubar Temer. Isso me lembrou de Brizola, que dizia que o que é bom para a Globo não poderia ser bom para o Brasil. Temos que ficar atentos”.

Ao longo do dia, outras lideranças sentaram-se à mesa para reflexões diferentes, incluindo uma recuperação histórica das lutas dos trabalhadores dos Correios e a briga judicial patara transformá-los de empresa pública em autarquia. O DIEESE enriqueceu o evento com a exposição de uma Nota Técnica sobre a Reforma Trabalhista, que você pode ler aqui.

Para fechar o dia, os ecetistas discutiram a construção da Pauta de Reivindicações.

 


Fonte:  Portal CTB - 26/05/2017


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