Notícia - No 1º semestre, 39% dos reajustes salariais ficam abaixo da inflação



Quase 40% das negociações coletivas resultaram em reajustes abaixo da inflação, segundo levantamento do Dieese. Como base de comparação, ao fim do primeiro semestre de 2014, quando a crise ainda não havia impactado com força o mercado de trabalho, era de apenas 3% a média dos reajustes que ficavam inferiores ao INPC. No ano passado, o índice havia subido para 15%.



O volume de negociações que resultaram em ganhos reais para os trabalhadores, por sua vez, caiu. Só 24% conseguiram elevar o poder aquisitivo de seus salários e 37% empataram as correções com a inflação.


A variação real média dos reajustes no primeiro semestre ficou 0,5% abaixo da inflação. Trata-se do pior desempenho das negociações desde o primeiro semestre de 2003, segundo o Dieese.


José Silvestre, coordenador da entidade, afirma que em 2015 já havia sinais da trajetória negativa, mas as dificuldades agora se aprofundam. 



O acompanhamento realizado pelo Dieese com mais de 300 unidades de negociação da indústria, do comércio e dos serviços mostra que, entre 2012 e o início de 2015, preservou-se uma regularidade no comportamento das negociações salariais, com um prevalência das correções acima do INPC e raros casos de reajustes inferiores.


A partir de fevereiro de 2015, a proporção de reajustes inferiores ou empatados com a inflação começou a subir, enquanto os ganhos reais diminuíram.



O setor de serviços teve a maior proporção de reajustes abaixo do INPC (44%). Na indústria (33%) e no comércio (39%), o volume de perdas reais foi menor.



NEGOCIAÇÃO DURA



"A aceleração inflacionária e o aumento do desemprego corroem o salário e aprofundam a queda da massa salarial. Isso tudo configura um cenário mais difícil para a negociação", afirma Oliveira.


Miguel Torres, vice-presidente da Força Sindical, diz que, além da dificuldade de corrigir salários, os sindicatos estão tendo de combater a "pressão para tirar direitos da Constituição", na esteira das discussões sobre a pretensão do atual governo de realizar reforma trabalhista.



Regina Madalozzo, professora do Insper, diz que o desemprego é um dos grandes motivos pelos quais as negociações salariais estão difíceis. "Há uma correlação: se há mais desempregados dispostos a serem contratados por menos, o salário se achata."



Outra consequência do endurecimento das negociações para o lado dos trabalhadores é o parcelamento dos reajustes. No primeiro semestre, mais de 25% foram pagos em duas ou mais parcelas. No primeiro semestre de 2014, essa índice rondava os 5%.


Fonte:  Força Sindical - 02/09/2016


Comentários

 

O Mundo Sindical e os cookies: nós usamos os cookies para guardar estatísticas de visitas, melhorando sua experiência de navegação.
Ao continuar navegando, você concorda com a nossa Política de Privacidade.