Notícia - CSPB discute com presidente da CLATE desafios do sindicalismo no setor público

A Confederação dos Servidores Públicos do Brasil - CSBP recebeu, nesta sexta-feira (26), uma visita de cortesia do presidente da Confederação Latino-Americana e do Caribe de Trabalhadores Estatais - CLATE, Júlio Fuentes, acompanhado pelo secretário de Comunicação da entidade, Héctor Méndez. Na ocasião, Fuentes compartilhou experiências acumuladas pelas entidades sindicais latino-americanas e alertou para as graves ameaças ao movimento sindical e aos direitos trabalhistas no Brasil e países vizinhos.


O analista político e jornalista Antônio Augusto de Queiroz "Toninho do Diap", participou do encontro e fez uma análise de conjuntura com representantes sindicais latino-americanos e da CSPB. Foram identificadas diversas semelhanças na condução das políticas econômicas destes países na direção de desconstruir e sucatear a estrutura social, bem como de aniquilar direitos trabalhistas assegurados, até então, em suas respectivas constituições. "Guardadas estratégias distintas, o objetivo é o mesmo em toda América-Latina", pontuou o presidente da CLATE, Júlio Fuentes.


O presidente da CSPB, João Domingos Gomes dos Santos, reforçou os argumentos de Júlio Fuentes e apresentou, junto aos convidados, uma breve análise do cenário brasileiro. "Este governo interino foi sequestrado pelo mercado financeiro, sem a legitimidade do voto e da aprovação popular. Segue sistematicamente uma agenda de desestimular o crescimento do setor público para abrir mercado que justifique um intensivo processo de privatizações. Diante deste cenário caótico, estamos à mercê de viabilizar primeira greve geral do setor público no nosso país. A reação ao desmonte da nossa estrutura social, estou seguro, será dramaticamente forte", argumentou Domingos.


Toninho do Diap destrinchou aspectos que colaboraram para a agenda política recessiva assumida pelo governo brasileiro. "O que está em jogo no Brasil é a retomada do governo pelas forças neoliberais. O Estafo e o orçamento público, nos mandatos anteriores de Lula e Dilma, foram colocados à serviço da população mais pobre, isso contrariou muitos interesses. As forças empresariais, midiáticas e institucionais, em conjunto, conseguiram arregimentar apoio de significativa parcela da classe média brasileira - incomodada com perda de status social - ao processo de impeachment em curso. O outro lado da moeda é que Dilma sagrou-se vitoriosa nas últimas eleições por uma margem muito pequena em relação ao seu concorrente de perfil conservador. Pressionada diante de uma popularidade nacionalmente dividida, Dilma aderiu ao projeto econômico de seus opositores de maneira amenizar o ímpeto oposicionista. Este foi um grave erro estratégico que desgastou sua popularidade junto aos eleitores que a elegeram; e abriu uma fissura por onde a oposição, habilmente, conquistou o cenário ideal para a tomada do poder", alertou o analista político.


"As manifestações contrárias ao governo Dilma reivindicavam mais Estado, mais governo e aprimoramento da administração. O resultado é que essas mesmas reivindicações colheram como resultado um governo que tem como objetivo menos Estado; desintegração do seu papel de mediação nas relações entre o capital e trabalho, portanto, menos governo; e desmonte da estrutura de serviços públicos relacionados à fiscalização e aprimoramento da administração pública. Uma agenda radicalmente oposta às reivindicadas nas manifestações populares que colaboraram para a queda da presidente eleita. Hoje, o que está ocorrendo, é uma transferência de renda da população mais pobre para operadores do mercado financeiro e credores da dívida pública nacional. Um pesadelo sob o ponto de vista social", concluiu Toninho.


A entrega de empresas estatais à exploração lucrativa de multinacionais estrangeiras; a aniquilação de direitos trabalhistas; o desrespeito a preceitos constitucionais; o sucateamento da seguridade social e demais instrumentos de proteção aos trabalhadores e à parcela da população socialmente mais vulnerável, foram outros temas abordados no encontro.


"Desejamos que a CLATE leve às entidades e organismos internacionais das quais ela intervém, a realidade brasileira sob a ótica trabalhista e social", solicitou João Domingos.


Júlio Fuentes acatou a solicitação do presidente da CSPB, e reforçou a similitudes dos desafios a serem enfrentados pelo movimento sindical e trabalhadores do setor público e privado nas Américas. "Várias das políticas públicas com objetivos sociais reproduzidas na América-Latina, foram economicamente viáveis a partir de um cenário econômico favorável à valorização das commodities. No entanto, elas permanecem viáveis economicamente a partir de uma repactuação das prioridades nacionais. A omissão ao financismo, conduzida pelos grandes veículos de imprensa destes países, demole o debate em torno dos verdadeiros problemas que amplificam a crise financeira e social que estas nações atravessam. A desintegração em curso de blocos econômicos como o Mercosul, também colabora, decisivamente, para o agravamento dos problemas enfrentados por estes países", concluiu o presidente da CLATE.


Após os debates no café da manhã, Júlio Fuentes seguiu para a gravação do programa da TV CSPB "Público & Notório", com entrevista conduzida pela chefe de imprensa da Secretaria de Comunicação da entidade – Secom/CSPB, Grace Maciel. Essa entrevista, juntamente com o programa “Café com o Presidente”, serão disponibilizados, em breve, no portal CSPB.


Fonte:  Secom/CSPB - 29/08/2016


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