Notícia - Após anúncio de corte, grevistas da Educação voltam a protestar no AC

Após o anúncio do corte de salário para os servidores grevistas da Educação, feito nesta segunda-feira (27), a categoria se reuniu para fazer em um novo ato de protesto, desta vez contra a decisão do governo do Acre. A manifestação ocorreu em frente à Secretaria de Estado de Educação, nesta terça-feira (28), e tem como objetivo pressionar o governo para a reabertura das negociações.

O Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Acre (Sinteac) chegou a entrar com um mandado de segurança para tentar impedir que os servidores tivessem o ponto cortado, mas o Tribunal de Justiça do Acre (TJ-AC) negou o pedido também na segunda-feira (27).

De acordo com o advogado Ednei Muniz, filiado ao sindicato, a partir de agora a categoria deve entrar com um pedido de nova análise da liminar. "O TJ-AC indeferiu o pedido na quinta [23], quando as ameaças de coação eram apenas boatos, mas na sexta- feira [24], tivemos acesso ao documento enviada para as escolas que pedia a informação de quem estava em greve, o que é uma prova efetiva de tentar coagir o servidor", explica.

Muniz diz ainda que a categoria ficou muito sensibilizada com o anúncio do corte de salários. Ele ressaltou que a greve é amparada por lei. "A greve é um direito. O governador poderia fazer isso se tivesse sido decretado a ilegalidade da greve. Nossa pauta está dentro da legalidade, a Constituição Federal assegura a revisão dos ajustes. O governador vai pagar um preço político muito alto por isso", destaca.

Segundo o presidente do Sindicato dos Professores de Senador Guiomard, Antônio Rodrigues, que representava a categoria em greve do município, das 15 escolas da cidade, 12 estão em greve. "Uma verdadeira insanidade essa decisão, nada justifica isso. Nossa greve é legal. Lamentamos essa insanidade do governador, que vem a público destilando ódio", ressalta.

O professor da escola Clicia Gadelha em Rio Branco, Cleilson Pessoa, defende que o movimento também quer garantir qualidade de estudo para os alunos. "Existem escolas que não estão completas, como a que dou aula, que não tem água e nem quadra esportiva. Não temos estrutura física. Fiquei surpreso com o corte nos salários porque foi a primeira vez que vi isso", lamenta.

O professor também diz que o governo se fechou para negociações desde o início da greve e alega que o Estado não poderia ter tomada essa decisão. "Uma covardia. Não estamos pedindo um aumento para este ano, mas ao menos um compromisso para o ano que vem", diz.

Procurada pelo G1, a assessoria de comunicação da SEE informou que o governo não vai se posicionar sobre essa nova manifestação dos professores e funcionários da Educação.

Entenda o caso

Iniciada no dia 17 de junho, a greve dos servidores da Educação do Acre completou um mês, nesta sexta-feira (17). A categoria reivindica 25% de reajuste salarial, pagamento do Programa de Valorização Profissional (VDP) e do piso nacional para os outros servidores de escola. Além disso, quer um aumento de 20% sobre o piso e realização de concurso público para cargos efetivos.

No dia 7 de julho, o governador Tião Viana (PT-AC) declarou que não há qualquer possibilidade do governo conceder qualquer reajuste aos servidores da Educação em 2015, culpando a crise econômica. “Não tem dinheiro, é uma crise nacional, o Brasil vai sair dela, mas esse ano, não tem qualquer possibilidade de conceder aumento“, afirmou na ocasião.

O secretário de Educação, Marco Brandão, anunciou, durante coletiva nesta segunda-feira (27) na Casa Civil, que os servidores da Educação que estiverem em greve no Acre terão seus pontos cortados a partir desta segunda. De acordo com Brandão, a medida foi tomada com base na lei, e motivada porque o movimento "radicalizou". Ele alega ainda que 85% das escolas do estado estão funcionando normalmente. O Sinteac defende o movimento e diz que a greve é legítima.


Fonte:  Caio Fulgêncio e Tácita Muniz - 29/07/2015


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