Artigo - 8 de março: não há futuro para a humanidade sem a emancipação das mulheres

Como mostram as filósofas Simone de Beauvoir e Silvia Federici, a luta das mulheres por igualdade vem de longe. Por isso, é importante a cada ano destacar a importância do 8 de março – Dia Internacional das Mulheres – como uma data de reflexão e de luta.

Chegou-se a essa data após 15 mil mulheres operárias marcharem pelas ruas de Nova York em 1908 por redução da jornada de trabalho, melhores salários e de poderem votar e ser votadas, quando o Partido Socialista da América criou o Dia Nacional das Mulheres.

A data se estabeleceu no movimento feminista a partir de 1910 quando a comunista alemã Clara Zetkin propôs a criação do Dia Internacional das Mulheres na Conferência Internacional das Mulheres Socialistas, em 1910.

O feminismo é tão importante para a luta de classes como mostra Silvia em seu livro “Calibã e a Bruxa – Mulheres, Corpo e Acumulação Primitiva”. Ela mostra como o capitalismo demonizou as mulheres e o seu corpo para explorar o trabalho doméstico sem remuneração e subjugá-las para a implantação da ideologia patriarcal ainda mais opressora.

Toda essa repressão para tornar a ideologia patriarcal hegemônica traz consequências até hoje, principalmente com religiões fundamentalistas pregando a submissão das mulheres. Não à toa a extrema direita adota a misoginia como forma de dominação.

O enfrentamento à violência de gênero, portanto, é parte fundamental da luta de classes para a superação do capitalismo. No Brasil essa luta não tem sido diferente. Mas como o escravismo predominou por aqui quase quatro séculos, a mentalidade escravista ainda persiste em setores da elite.

O que faz a violência ser maior e pior. As mulheres que desejam viver e amar em liberdade sofrem todo tipo de violência. Ainda se vê bem poucas mulheres em cargos de direção nas empresas, mesmo naquelas que hipocritamente, se colocam como adeptas do feminismo. Os salários são menores e as mulheres negras continuam na base da pirâmide social ganhando muito menos e tendo os piores trabalhos.

Mas as mulheres vão às ruas neste 8 de março de 2024 para mostrar que a luta por igualdade faz parte de suas vidas e não terminará enquanto a situação não mudar. Enquanto mulheres estiverem morrendo por serem mulheres, enquanto os salários não forem efetivamente iguais para mesmas funções e enquanto não houver respeito à vida e à dignidade das mulheres, estaremos nas ruas, nas redes e em todos os lugares para gritar por nossos direitos.

É a luta pela emancipação das mulheres que impulsiona a história rumo ao futuro socialista com a superação do capitalismo excludente e opressor. O feminismo levará a humanidade a patamares superiores com a construção do socialismo.

“Você não sabia?/Estão falando de uma revolução/Parece um sussurro/Os pobres vão se insurgir/E conseguir o quinhão deles/Os pobres vão se insurgir/E tomar o que é deles”, como canta Tracy Chapman em “Falando sobre uma Revolução”).


Professora Francisca
dirigente licenciada de Assuntos Educacionais e Culturais da Apeoesp – Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo, da Saúde da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Educação (CNTE) e de Finanças da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB).

 

O Mundo Sindical e os cookies: nós usamos os cookies para guardar estatísticas de visitas, melhorando sua experiência de navegação.
Ao continuar navegando, você concorda com a nossa Política de Privacidade.