A notícia do bilionário rombo das Lojas Americanas, 47 bilhões em dívidas, escondidos em manobras contábeis ao longo de muitos anos, tem menos destaque na mídia nacional do que o desvio de recursos por uma universitária da USP para a festa de formatura da turma de medicina, fato que deve ser condenado mas que nem de longe se compara com o enorme prejuízo produzido pela empresa dos bilionários Jorge Paulo Lemann, o homem mais rico do Brasil e seus sócios na 3G, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira.
Na esteira desse escândalo, pouco divulgado pela mídia nacional, 100 mil trabalhadores e trabalhadoras diretos e indiretos têm seus empregos e seus direitos em risco, lojas já começam a ser fechadas e pessoas demitidas.
Muitas empresas fornecedoras das mais de mil lojas da Americanas enfrentarão dificuldades podendo inclusive falir, com mais demissões e consequente prejuízos para a economia nacional.
O desastre não para por aí. A Ambev, a maior cervejaria do mundo, pertencente ao grupo dos bilionários, pode estar também envolvida em manobras contábeis escondendo um enorme rombo fiscal, segundo notícias recentes. As perguntas são: será esse um método do grupo? Quantas empresas ligadas a eles poderão esconder problemas semelhantes?
Uma investigação rigorosa que apure as responsabilidades e obrigue os bilionários a usarem suas fortunas de bilhões para cobrir o rombo, ou rombos, tem que ser efetivada com rapidez para minimizar os efeitos nocivos do desastre causado, preservando as empresas, os empregos e evitando a falência de uma enorme cadeia de fornecedores.
Vale lembrar que durante todo o tempo em que essa enorme fraude era perpetrada, os acionistas receberam gordos dividendos, mais um assunto que deve ser esclarecido com rigor.
A cara de pau dos bilionários é tão grande que soltaram uma nota, que é um verdadeiro acinte, dizendo que não sabiam de nada e que também foram prejudicados pela descoberta das manobras contábeis.
Grandes bancos estão se movimentando para salvar seus créditos com a empresa, mas os milhares de acionistas minoritários prejudicados, que muitas vezes investiram suas economias acreditando na solidez do grupo e no fato de os bilionários famosos serem os acionistas de referência da empresa, vão ficar no prejuízo, assim como milhares de fornecedores e trabalhadores/as. A punição a essa prática tem que ser rápida eficaz e exemplar, além do empenho do patrimônio dos bilionários para cobrir os prejuízos, as penas legais cabíveis tem que ser aplicadas.
Um alerta a toda a sociedade brasileira precisa ser feito. Esse é o grupo que comprou a Eletrobras na bacia das almas na privatização do sistema elétrico nacional, promovido pela dupla Guedes-Bolsonaro, o que coloca em risco o fornecimento de energia em todo o território nacional. O prejuízo pelos métodos do grupo para a sociedade brasileira podem ser ainda maiores e difíceis de mensurar. Por isso, o governo Lula precisa ficar atento para o caso e, quem sabe, até reestatizar a empresa para garantir que a energia elétrica continue chegando normalmente a todo o sistema produtivo nacional e a casa de cada brasileiro e brasileira.