Artigo - Santander: Um banco que não quer ser banco

O presidente do Santander no Brasil declarou, em entrevista ao jornal Valor, na última segunda-feira 5, que o banco é “uma empresa de varejo: queremos ser a melhor empresa de consumo do Brasil. A gente tem que pensar menos como banco, como se fosse uma fábrica de produtos. Quando chamo a agência de loja, é para dar o senso de que o Santander não pode ser muito diferente de uma varejista”.

Vamos analisar o banco, na prática: Em 2023, o Santander obteve Lucro Líquido de R$ 9,383 bilhões, e representa 17,3% do lucro global.

As despesas com Provisões para Devedores Duvidosos (PDD) ficaram em R$ 28,3 bilhões, com alta de 14% em relação ao ano de 2022. A ampliação do valor ainda está associada ao caso Americanas. O mercado cita ainda indefinições em relação a novos episódios de provisões para riscos de grandes empresas (recentemente a Gol entrou com pedido de recuperação judicial nos EUA). Sobre a inadimplência, acima de 90 dias, o resultado de 3,1% se manteve estável em relação a dezembro de 2022.

A Carteira de Crédito obteve alta de 9% em doze meses, somando R$ 643 bilhões em dezembro de 2023. A carteira pessoa física cresceu 6%, com alta representativa no financiamento de veículos (+24,3%), consignado (+13,4%) e crédito rural (+18,5%). Esses resultados estão, sem dúvida, associados ao bom desempenho da economia brasileira com ampliação do emprego e renda, queda na taxa de juros, políticas sociais e melhor ambiente para investimentos.

De fato, o Santander é um banco, com alta rentabilidade e alta margem de lucro de um banco. A diversificação de produtos não fará de um banco um varejista. Querer travestir a fachada de um banco é algo que o Santander já tem feito através da criação de CNPJs diversificados. Desde o segundo semestre de 2021, o banco intensificou o processo de fraude, com a criação de seis empresas, cada uma com funcionários vinculados a um sindicato diferente. A fraude causa separação entre os trabalhadores e, com isso, enfraquece os direitos conquistados na convenção coletiva da categoria bancária. E esse processo é repetido pelo Santander em outros países.

A justiça brasileira já condenou três vezes o Santander por fraudar a contratação de bancários, a partir da alteração de contrato para transferir trabalhadores, de forma compulsória, do CNPJ do Santander para um dos CNPJs das empresas criadas. O objetivo com isso é rebaixar salários e direitos, além de fragilizar a organização sindical por meio da fragmentação da categoria.

É inadmissível que uma empresa que tenha um contrato de concessão pública descumpra princípios de transparência. O movimento sindical fortalecerá as atividades de denúncia de fraude e de organização dos trabalhadores para garantir seus direitos conquistados com muita organização e luta.


Neiva Ribeiro
presidente Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região

 

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