Artigo - Banco Central tem de reduzir taxa de juros nesta quarta-feira

O bolsonarista Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, está a cada dia mais isolado e não conseguirá conter a forte pressão social pela redução da Selic, a taxa básica de juros, cujo patamar deve ser redefinido e reduzido pelo Comitê de Política Monetária do banco (Copom) nesta quarta-feira (2).

Até o Fundo Monetário Internacional criticou a política dos juros altos, que deprime as atividades produtivas, reduzindo a renda e o emprego, e serve exclusivamente para encher as burras de banqueiros e rentistas.

Recentemente, o economista-chefe da instituição, Pierre-Olivier Gourinchas, atribuiu a desaceleração do ritmo de crescimento da América Latina e Caribe neste ano (com projeção de 1,9%) em relação ao ano passado (quando o PIB da região avançou 3,9%) às altas taxas de juros.

“Muitos países da América Latina elevaram os juros mais cedo do que muitas economias avançadas e, às vezes, aumentando as taxas muito mais do que outros países. E isso também está pesando na atividade econômica”, afirmou, fazendo coro aos críticos do bolsonarista Campos Neto no Brasil.

Diferentes setores e ramos da economia, com exceção daqueles que lucram com a atual política monetária, clamam em uníssono pela redução das taxas de juros no Brasil porque sentem os seus efeitos perversos sobre a economia nacional e a distribuição da renda produzida pelo trabalho.

Com o Banco Central independente, presidido pelo bolsonarista Roberto Campos Neto, o Brasil pratica hoje as maiores taxas reais de juros do mundo e essas crescem na medida em que a inflação recua, sendo que em caso de deflação (como ocorre agora, refletindo uma demanda magra e baixa atividade econômica) a taxa real de juros supera a taxa nominal.

Não há justificava racional para isto, a não ser os interesses mesquinhos dos rentistas e a sabotagem bolsonarista da economia para impedir o êxito do governo Lula.

Os prejuízos impostos à sociedade são intoleráveis.

A Selic alta aumenta o déficit fiscal e os encargos da dívida interna, restringindo os investimentos públicos em saúde, educação, habitação, seguridade e infraestrutura.

Ao mesmo tempo, ao elevar o custo do dinheiro, os juros altos deprimem os investimentos produtivos e o consumo da população, produzindo estagnação econômica ou mesmo recessão.

Por esses meios, ou seja, o desvio de investimentos públicos para pagamento de juros aos detentores de títulos governamentais e as taxas abusivas pagas por consumidores e empresas aos bancos, opera-se uma brutal transferência de renda da maioria da sociedade para o bolso de ricos e privilegiados rentistas. Quem mais sofre é o povo carente de serviços públicos.

Conforme dados da Auditoria Cidadã da Dívida (ACD), em 2022, os gastos do governo federal com o pagamento de juros e amortizações da dívida pública somaram R$ 1,879 trilhão, o que representou 46,3% do Orçamento Federal Executado (pago), consumindo, portanto, a maior fatia de todos os recursos públicos federais, conforme gráfico elaborado pela auditoria, reproduzido abaixo.

Gastos com a dívida consumiram 46,3% do orçamento federal em 2022

É por tudo isto que a CTB, ao lado das outras centrais e dos movimentos, procura intensificar a luta pela redução das taxas de juros, não só da Selic como também do abusivo spread bancário, e redobrar os esforços para conscientizar a classe trabalhadora sobre a necessidade de ampla mobilização social para afastar o bolsonarista Campos Neto da direção do Banco Central e mudar a política monetária, de forma a torná-la condizente com os interesses maiores do povo e a necessidade de desenvolvimento nacional.


Adilson Araújo
Presidente nacional da CTB

 

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