Artigo - O julgamento de Sergio Moro e as relações indecorosas entre a Lava Jato e os EUA

Teve início na tarde de segunda-feira (1), o julgamento das duas Ações de Investigação Judicial Eleitoral (AIJEs) que solicitam a cassação do mandato do senador Sergio Moro (União Brasil-PR) pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE-PR), em Curitiba.

Moro, que ganhou fama como o juiz da Lava Jato que condenou e prendeu injustamente o presidente Lula em 2018, está sendo julgado neste momento por abuso de poder econômico durante a pré-campanha eleitoral de 2022.

Decisão final será do TSE

As ações contra o político ligado à extrema direita, que foi ministro de Jair Bolsonaro, têm teor semelhante e serão apreciadas em conjunto pela corte.

Os processos foram movidos pelo Partido Liberal (PL) e pela Federação Brasil da Esperança (PT/PCdoB/PV) em novembro e dezembro de 2022.

Em dezembro do ano passado, a Procuradoria Regional Eleitoral emitiu um parecer pela cassação. Já o relator do processo no TRE-PR defendeu um ponto de vista contrário, favorável a Moro.

Especula-se que se ele não for condenado pelo tribunal regional não ficará impune no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Qualquer que seja o resultado em Curitiba, a decisão final deve ficar por conta do TSE.

Por esta razão, a deputada federal Rosângela Moro, mulher do ex-juiz, resolveu transferir o domicílio eleitoral de São Paulo para Curitiba na esperança de preservar o cargo para a família.

Milionário

O abuso do poder econômico não é o único nem o maior crime cometido pelo ex-juiz, que ficou milionário ao longo dos últimos anos, depois que abandonou o Poder Judiciário para ser ministro no governo do neofascista Bolsonaro e se aventurar na política.

Mais séria e escandalosa foi a indecorosa relação dele e de procuradores da Lava Jato com os Estados Unidos. Moro foi instruído por Washington para a criminosa operação que acarretou graves prejuízos para a economia nacional, pavimentou o caminho do golpe de 2016 e culminou na prisão de Lula, que resultou na eleição do chefe da extrema direita brasileira e mais tarde foi declarada injusta e ilegal pelo STF.

Crime de lesa-pátria

A operação foi orientada por interesses e objetivos geopolíticos e econômicos. Conforme revelou o Wikileaks, Sergio Moro participou, ao lado de alguns procuradores, de cursos e seminários patrocinados pelo governo e agências de espionagem estadunidenses sob o pretexto de cooperação para combater a corrupção, apresentada como o mal maior dos países latino-americanos governados por líderes que não rezam pela cartilha imperialista.

O ex-juiz, como o procurador Deltan Dallagnol, cometeu crime de lesa pátria, pelo qual merece ser investigado mais profundamente e devidamente punido.

Todavia, o crime é solertemente ignorado pela mídia burguesa, liderada pela Rede Globo, que transformou o ex-juiz e os mocinhos da força tarefa da Lava Jato (a República de Curitiba) em heróis nacionais da sacralizada luta contra a corrupção.

O espírito vira-lata na mídia

Na verdade, os meios de comunicação monopolizados por meia dúzia de famílias burguesas (como é o caso da rica família Marinho) foram cúmplices no crime de lesa pátria que destruiu grandes empresas nacionais, assim como no golpe de Estado e prisão do Lula, contribuindo deta forma para a eleição de um de meliante neofascista à Presidência da República.

São veículos guiados pelo que o dramaturgo Nelson Rodrigues classificou de espírito de vira-lata, portadores de uma mentalidade colonizada vassala do imperialismo.

Conforme assinalou Lier Pires Ferreira, pesquisador do Laboratório de Estudos Políticos de Defesa e Segurança Pública da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (LEPDESP/UERJ) e do Núcleo de Estudos dos Países BRICS da Universidade Federal Fluminense (NuBRICS/UFF), relações da Lava Jato com os EUA foram “ao mesmo tempo ilegais e ilegítimas, pois ferem a soberania nacional”.

“A submissão brasileira aos interesses norte-americanos no contexto da Lava Jato não apenas apequenou o Brasil, mas feriu sua soberania e imagem perante o conjunto das nações. Além disso, como já dito, teve um imenso custo econômico, muito superior aos recursos financeiros que conseguiu repatriar. A Lava Jato é um exemplo de que um país soberano jamais deve prostrar-se aos interesses estrangeiros, ainda que travestidos de nobres ideais“, complementou o pesquisador.


Adilson Araújo
Presidente nacional da CTB

 

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